SÃO PAULO EM FOCO


À primeira vista

“Vista assim do alto mais parece um céu no chão” 
(Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho)

Paz celestial
Sempre valorizei o primeiro contato com um lugar. Sobretudo se ele começa do céu, de preferência à luz do dia. Primeiro porque voar fascina a nós humanos, experiência preciosa que só temos vez em quando, no meu caso a bordo de um pássaro forjado pela inteligência que se inspira na natureza. Enquanto o avião ganha altitude subindo acima das nuvens, mais admirada com mundo vou ficando em preparação para a chegada a um novo chão. A visão do céu ao contrário, com o branco fofo das nuvens amparando a imensidão azul me toca profundamente. Sinto paz durante esse breve estar num mundo celestial, que a qualquer momento vai me revelar a chegada a um novo lugar. E então vem o segundo motivo que me faz gostar tanto de chegar a uma cidade pelo céu: o primeiro sobrevoo por um lugar nos concede uma vista rara sobre o que é aquele recorte em terra. Permite apreciar suas cores, formas e texturas. Contemplar suas dimensões a perder de vista. Avistar luzes e breus. Somente à medida que o avião vai se aproximando do chão, de preferência em círculos largos que vão espiralando, que se torna possível ver habitantes. Como partes de um todo maior que precisam de microscópio, pois não podem ser vistas a olho nu, tão minúsculas são as gentes em terra vistas do alto.

Bem antes do sábado (07/03) anoitecer, o dia já acinzentara. Não me surpreendi. Dizem que São Paulo é assim mesmo. “Hoje o sol não vai se pôr/ porque não quis nascer”, os paulistanos de O Terno já teriam dado a dica em “O cinza”, canção do segundo disco do power trio sobre a atmosfera nublada do lugar. Atmosfera essa que já me havia sido apresentada alguns dias antes, quando numa conexão a caminho do Rio ganhei meu primeiro sobrevoo à luz do dia por Guarulhos, na região metropolitana da capital paulista. 

Se por um lado à primeira vista São Paulo não me surpreende, por outro lado não deixa de me fisgar a atenção. O sem número de prédios de todos os tamanhos brotando do chão, como incontáveis colunas de concreto. Um plano que visto do alto me lembram gráficos em três dimensões. Uma cidade de muitas estatísticas, capturo a mensagem.

Rua da Consolação (SP)
Mas este texto não vai falar de estatísticas. Este texto também não vai se alongar sobre a São Paulo cinza, nublada e chuvosa que me recebeu no sábado (07/03). Porque este texto é só um preâmbulo sobre as próximas postagens que vão falar da São Paulo colorida, florida e afetuosa que me acolheu rapidamente, entre as 13h do sábado (07) e as 8h do domingo (08). Uma estadia breve, mas suficiente para saber que há um quê de céu a brilhar no chão paulista. Aquele amor que existe sim em São Paulo, ô Criolo. 

Porque sabe aquelas gentes microscópicas vistas do alto? Antes pequeninas vistas de longe, vão crescendo à medida que nos aproximamos até confirmar os versos de Jeneci de que “cada um de nós não é senão uma estrela/ a brilhar no céu do chão”. É sobre essas gentes que irradiam luz em terra que as próximas postagens do blog vão falar. 

Aguardem!

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