Partiu, "Esfera"!

por Talita Guimarães

Até pouco tempo, ele era uma presença discreta na música paulistana. Das serenatas ainda na infância entre cantores mirins às participações especiais em shows até virar um prestigiado nome entre parênteses. É, entre parênteses. Nos encartes de discos de artistas como Pedro Altério e Bruno Piazza, Bruna Caram, Luiza Possi, Juca Novaes, Lucila Novaes e Thais Bonizzi. 

Se você escuta essa turma então talvez até o conheça. De versos como os inspiradores “Tente permitir que cada novo ato de amor/ Floresça e espalhe gratidão por nossa esfera” na graciosa interpretação de Bruna Caram (“Esfera”. Será bem vindo qualquer sorriso, 2012). Ou quem sabe dos acalentadores “Eu vim pra clarear/ Pra esquecer tudo que faz pesar teu olhar/ Te ver chorar só por alívio ou alegria” na voz de abraço de Pedro Altério (“Paz interior”. Música dos dois, 2013). Pode ser dos reflexivos “Vem ser milagre para os que prezam/ Por acreditar que o seu destino lava a alma/ Vem ser tragédia para os que vivem sem poder olhar/ Pro céu fechando e lá vem água” com Lucila Novaes (“Semi-lágrima”. É, 2012). Ou ainda dos inquietantes “Se eu desandar, descontrolar/ Será que há algo errado ou será tudo parte do que sou/ Não posso ver, não posso crer em mim/ Mas se então esclarecer/ E eu me mostrar convicto do que sou e quero ser/ Eu vou viver distribuindo gentileza” da catártica “O que eu quero”, música gravada por Dani Gurgel com Bárbara Rodrix e Paulo Novaes para o projeto Novos Compositores da produtora Da Pá Virada e publicada no Youtube.

O nome em comum entre todas estas músicas é Paulo Novaes. Sim, o último intérprete citado. Compositor desde os 11 anos, o menino que cresceu em uma grande família artística com tios, primos e avó músicos se transformou em um rapaz talentoso, que aos 21 anos já foi gravado por um número interessante de artistas notáveis e agora vem a público responder a uma dúvida geral: Paulinho, por que você não tem um cd? 

Paulo Novaes (Foto: Patrícia Black)
É que além da sensibilidade para compor, Paulo Novaes também canta e toca desde muito cedo. Começou ainda criança cantando com os Trovadores Mirins e se interessou por violão, seu instrumento primeiro, aos 11 anos. Já aos 17 anos, estudou guitarra no Conservatório Tom Lee em Vancouver, Canadá. E aos 18, foi aluno do violonista Ulisses Rocha. Pelo conjunto, dá para entender o consenso quanto ao fato de Paulo merecer ter um disco para chamar de seu. 

Embalado pela campanha “Paulinho, por favor grave o seu cd!” que vem mobilizando vários artistas do naipe de Dani Black, Bárbara Rodrix, Paulo Monarco, João Guarizo entre tantos outros, Paulo Novaes lançou em meados de agosto deste ano a página de financiamento coletivo do seu primeiro disco, chamado “Esfera”. Hospedado no site de crownfunding Partio, o financiamento entra agora na reta final – o prazo para captação termina na próxima sexta-feira, 10 de outubro de 2014 – ainda contando com o apoio de novos incentivadores para bater a meta que possibilitará cumprir o projeto. As doações vão de R$ 25,00 a valores superiores a R$ 5 mil, variando recompensas que vão de agradecimento no encarte, download antecipado de algumas faixas, CD físico e pôsteres exclusivos autografados a convites para audição, ingressos para show de lançamento além da possibilidade de divulgação de marcas patrocinadoras e show exclusivo de Paulo Novaes. 

Ensaios em Foco conversou com Paulo Novaes sobre esse momento de mobilização para produção do disco. Entre outros assuntos, o músico comentou sobre sua formação musical oriunda do ambiente familiar, as influências dos amigos músicos e respondeu a tão insistente pergunta que impulsionou a gestação do "Esfera".

ENTREVISTA – Paulo Novaes

1) Afinal, Paulinho: por que você não tem um cd? 
Paulo Novaes: Quando essa pergunta se tornou uma rotina no meu dia-dia, resolvi que era a hora de gravar. É claro que eu sempre quis gravar um CD, mas não tive oportunidade nem capacidade financeira de realizar isso antes. Quando o pessoal do Oritá [trio de música instrumental formado por Bruno Piazza (piano), Filipe Maróstica (baixo) e Gabriel Altério (bateria)] me contou que iriam fazer pelo Partio, logo agendei uma reunião e comecei a agilizar o processo. Afinal, eu não tenho um CD ainda, simplesmente pela questão financeira, porque se não dependesse disso já teria gravado vários!

2) O que te motivou, lá atrás no início, a compor a primeira canção? E o que te alimenta a continuar compondo?
P.N.: Acho que o fato de a minha família ser inteira de músicos me influenciou diretamente na minha sina como compositor. Eu cresci vendo meu pai, meu tio e minhas tias compondo, e quando percebi já estava compondo. Coincidência ou não, a minha primeira composição foi em homenagem ao meu avô (Paulo Novaes), que faleceu em 2007. Acho que tudo que construí até agora, apesar da pouca idade, me alimenta a continuar seguindo. 

3) Suas composições já foram gravadas por vários artistas respeitados, que agora apoiam a gravação de um disco seu, com tuas letras cantadas na tua voz ao som do teu violão. Um bonito movimento de reconhecimento dos intérpretes à figura do compositor. O que esse momento representa para você?
P.N.: Representa tudo. Para mim, é a maior recompensa para um compositor. É uma homenagem que me emociona muito, independente de quem é o artista. Qualquer reconhecimento dessa linha, é grandioso para o compositor. Mas agora é a minha hora de cantar minhas próprias canções, e de mostrar como elas vieram ao mundo. Uma coisa não anula a outra... quero continuar sendo gravado por outros artistas, mas quero mostrar também a minha interpretação das minhas próprias músicas. Como me disse a Natalie do Partio: Agora é minha hora de partir!

4) Você vem de um ambiente familiar musical que conta com artistas como a tua prima Bruna Caram e  teus tios Lucila Novaes e Juca Novaes. Isso sem contar que você é neto da cantora Maria Piedade, Rainha do IV Centenário da Rádio Nacional em 1954. Apesar de parecer óbvio que esse clima seria propício para as artes, como você avalia a influência da família na tua formação musical como instrumentista e principalmente como compositor? E posteriormente, como fluem as parcerias e influências na amizade com artistas como Pedro Altério, Bárbara Rodrix, entre outros artistas que te inspiram?
P.N.: A influência da família é gigantesca. Acho que se tivesse nascido em outra família, jamais seria compositor. E os meus amigos músicos vieram pra completar esse processo da busca pela identidade. Acima de tudo são grandes amigos (Pedro Altério, Barbara Rodrix, Pedro Viáfora, Dani Black etc..) e a influencia é mútua. Um admira o outro e naturalmente nos influenciamos musicalmente. 

5) Agora é com você: Paulinho, por que as pessoas devem incentivar o disco “Esfera”?

(Foto: Patrícia Black)
P.N.: Desde muito cedo escrevo a minha vida através das canções. Situações vividas foram se tornando inspirações para criar e compor. Vim amadurecendo ao longo do tempo, aprendendo e sendo influenciado pela família musical e pelos amigos músicos e compositores que ganhei ao longo da vida.

Muitas canções foram esquecidas, diversas estão apenas na memória. Algumas, para o meu orgulho maior, foram gravadas por artistas que eu admiro muito. Outras eu toco em shows que faço vez ou outra, e ainda tem algumas que circulam pela internet em vídeos que gravei em algum projeto que fui convidado. Às vezes sou convidado para participar de shows de amigos queridos, ou até mesmo em projetos envolvendo novos compositores.

Nessa estrada, apesar de ainda ser muito novo, já realizei muitos sonhos. Coisas que eu jamais poderia imaginar quando fiz minha primeira música aos 11 anos. Muito menos quando fiz minhas primeiras serenatas pelos Trovadores Mirins ou quando formei minha primeira banda aos 10 anos. Coisas que me deram força pra seguir acreditando no que eu mais amo fazer.

Agora chegou a hora de registrar essa história e é por isso que eu venho te pedir ajuda para realizar meu sonho de gravar o meu disco. Como um escritor eterniza sua obra através do livro, o compositor conta sua história através do disco. E eu quero poder escrever a minha história!



LINKS - #paulinhoporfavorgraveoseucd

Para ouvir: Soundcloud - Paulo Novaes

Para ver, ouvir e baixar: Música de Graça - "Esfera" com Paulo Novaes e Bárbara Rodrix

Para ver, ouvir e se emocionar: Da Pá Virada - "O que eu quero" com Paulo Novaes, Bárbara Rodrix e Dani Gurgel

Para saber mais sobre o financiamento e apoiar o "Esfera": Partio – Esfera, o primeiro disco de Paulo Novaes

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