[PREFÁCIO] "Quadro Negro" (2020), de Fernanda Silva
Disponível na Livraria AMEI |
PREFÁCIO
A
poesia de Fernanda Silva é solar. Fala de sutilezas que aquecem a existência, e
que mesmo quando potencialmente tristes, não deixam de comover pela capacidade
com que a autora as envolve em lirismo.
Entre
poemas e aforismos, sua literatura avança pelo território das experiências
sensíveis que transbordam para o papel porque já não cabem só no peito de quem
as sente. É preciso fazê-las voarem, alcançarem outros ouvidos, tocarem certos
corações. A escrita delicada e confessional soa como necessidade de diálogo
direto com quem a lê. Ora revelação, ora desabafo, a poesia de Fernanda
transita entre a voz que aconselha e a que enternece, ao partilhar com
generosidade suas percepções sobre os sentimentos humanos.
Ao
se desdobrar em versos, a autora não poupa elogios a quem lhe inspira e acelera
seu coração. Sequer hesita ao declarar suas paixões, registrando momentos
ternos, lembranças afáveis e o desejo por companhias agradáveis. Aliás, laços
afetivos de todos os níveis interessam a esta jovem poeta, que brinda amores e
amizades, valorizando as relações humanas baseadas em parceria - exemplos de
vida.
Quando
nos sopra seus aforismos, Fernanda Silva mostra que desde sua estreia como
autora publicada vem amadurecendo sua forma de pensar e lidar com a vida. Compartilha
o que ouve por aí como quem sugere que pensemos juntos sobre o assunto e reflete
sobre saudade, superação, autoestima, liberdade e coragem.
Se
todo afeto que se constrói, desconstrói e reconstrói ao longo de uma vida
inspira Fernanda Silva para a ficção, matéria sonhada por quem escreve o que
gostaria de viver; ou deriva integralmente da realidade, vida pulsante que de
tão imensa merece registro, só a autora - guardiã das faíscas que acionam sua
escrita - para nos dizer. Afinal as chaves da poesia são sempre um mistério, desses
que habitam nosso imaginário ampliando nossos sentidos sobre a vida real ao
redor.
Talita Guimarães
Escritora e
Jornalista
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